Memory is a wonderful thing if you don't have to deal with the past*
Há dois anos atrás, houve uma pessoa que me falou no Damien Rice e disse que eu iria gostar. Na altura não levei muito a sério a conversa porque vinha de alguém com gostos musicais muito diferentes dos meus e pensei que fosse algum tipo de música da "morte" (denominação atribuída por mim ao metal e suas derivações).
Quando vi o Closer fiquei obcecada pelo Blower's Daughter, sem perceber logo quem era o intérprete. Lembro-me de ter acordado a meio da noite com a música na cabeça e de não conseguir dormir (e acreditem, eu não conseguir dormir, não é NADA normal). Passados alguns dias, estava com essa pessoa e a música começou a dar na rádio. Eu ia dizer que era a música do filme, quando ele me diz: é Damien Rice...
A partir desse momento passou a ser impossível não associar esta música (e depois todas as outras) a essa pessoa. É aquele tipo de coisas a que os casais normalmente se referem como sendo a "nossa" música, com a ligeira diferença que nunca foi nossa, porque nunca houve um "nós" e porque nunca fomos um casal.
Mesmo já tendo o cd gravado, quando fui a Londres com a D. fiz questão de comprar o original. Na altura estávamos de relações cortadas mas não foi por isso que não me lembrei dele em todo o lado, sabendo o quanto ele ia adorar estar lá. Assim, comprar aquele cd, naquele sítio com todo o simbolismo que isso acarretava, fazia todo o sentido.
Meses mais tarde, voltámos a falar. Amigos como sempre, ele na boa e eu nem tanto, falávamos, falávamos, falávamos, falávamos... Eu estava numa fase de stress total, estava a acabar o curso e tinha o relatório final de estágio para entregar. Aquela reaproximação e aquele trabalho todo estavam a consumir-me. Quando tentei recorrer ao Damien percebi que o cd não estava na caixa. Procurei em todo o lado e nada. Devo tê-lo perdido algures entre a mudança de carro ou de casa. Fartei-me de chorar, perder aquele cd, naquela altura, foi como se o mundo tivesse desabado. Podia ter comprado outro mas não era a mesma coisa. Desde então que evito ao máximo ouvir Damien Rice até que há meia dúzia de dias atrás tropecei nisto...
Coincidência das coincidências, descubro o novo álbum numa altura em que todas as tentativas, ilusões e esperanças em relação a essa pessoa caíram por terra. O fim não se deu agora, o problema é que a quente não quis lidar com isso, tentei ignorar o assunto e fingir que não tinha importância. Claro que tinha...tinha toda a importância do mundo. Recusei-me a chorar, a fazer fita, a ficar deprimida, a fazer o "luto" da praxe para depois cair-me tudo em cima agora...
Por isso, vou comprar o 9, vou recordar os momentos bons, os maus, vou ficar com a neura sem motivo aparente, vou comer os chocolates e doces que me apetecer (é cliché? Couldn't care less), vou chorar o que for preciso, vou limpar a alma e vou começar o "meu" 2007. Eu sei que não é isto que vai mudar o que sinto, nem que o vai apagar da minha vida (nem quero) mas pelo menos vou arrumar as coisas nos sítios certos e aprender a lidar com elas da forma como realmente são.
Quando vi o Closer fiquei obcecada pelo Blower's Daughter, sem perceber logo quem era o intérprete. Lembro-me de ter acordado a meio da noite com a música na cabeça e de não conseguir dormir (e acreditem, eu não conseguir dormir, não é NADA normal). Passados alguns dias, estava com essa pessoa e a música começou a dar na rádio. Eu ia dizer que era a música do filme, quando ele me diz: é Damien Rice...
A partir desse momento passou a ser impossível não associar esta música (e depois todas as outras) a essa pessoa. É aquele tipo de coisas a que os casais normalmente se referem como sendo a "nossa" música, com a ligeira diferença que nunca foi nossa, porque nunca houve um "nós" e porque nunca fomos um casal.
Mesmo já tendo o cd gravado, quando fui a Londres com a D. fiz questão de comprar o original. Na altura estávamos de relações cortadas mas não foi por isso que não me lembrei dele em todo o lado, sabendo o quanto ele ia adorar estar lá. Assim, comprar aquele cd, naquele sítio com todo o simbolismo que isso acarretava, fazia todo o sentido.
Meses mais tarde, voltámos a falar. Amigos como sempre, ele na boa e eu nem tanto, falávamos, falávamos, falávamos, falávamos... Eu estava numa fase de stress total, estava a acabar o curso e tinha o relatório final de estágio para entregar. Aquela reaproximação e aquele trabalho todo estavam a consumir-me. Quando tentei recorrer ao Damien percebi que o cd não estava na caixa. Procurei em todo o lado e nada. Devo tê-lo perdido algures entre a mudança de carro ou de casa. Fartei-me de chorar, perder aquele cd, naquela altura, foi como se o mundo tivesse desabado. Podia ter comprado outro mas não era a mesma coisa. Desde então que evito ao máximo ouvir Damien Rice até que há meia dúzia de dias atrás tropecei nisto...
Coincidência das coincidências, descubro o novo álbum numa altura em que todas as tentativas, ilusões e esperanças em relação a essa pessoa caíram por terra. O fim não se deu agora, o problema é que a quente não quis lidar com isso, tentei ignorar o assunto e fingir que não tinha importância. Claro que tinha...tinha toda a importância do mundo. Recusei-me a chorar, a fazer fita, a ficar deprimida, a fazer o "luto" da praxe para depois cair-me tudo em cima agora...
Por isso, vou comprar o 9, vou recordar os momentos bons, os maus, vou ficar com a neura sem motivo aparente, vou comer os chocolates e doces que me apetecer (é cliché? Couldn't care less), vou chorar o que for preciso, vou limpar a alma e vou começar o "meu" 2007. Eu sei que não é isto que vai mudar o que sinto, nem que o vai apagar da minha vida (nem quero) mas pelo menos vou arrumar as coisas nos sítios certos e aprender a lidar com elas da forma como realmente são.
* do filme Before Sunset
4 comentários:
E mái' nada! Sempre devias ouvir as palavras sábias duma gorda mais velha. Esse luto pode até vir a ser muito curto. Tinhas era que decidir fazê-lo :D
palavras sábias, as d a minha mita.. :D
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Se tudo fosse tão fácil como escrever um post num blog.. não é coisinha de sabão? :)
Ainda assim, e depois dos 2 minutos de reflexão para digerir a coisa, acho que tens todos os meios para que o consigas.
Basta apenas que haja muitas coisas boas nos entretantos.. sei lá.. uma Banana split com bolas de gelado de queijo e morango, zuppa e after eight? Ou outros quaisquer, como leite de creme ou stracciatella.. e, se possível, acompanhada por quem coma sempre crepes com bolas de gelado de noz e nata e SÓ chantilly por cima! :D
Saudadinhas, pah. Lisboa sem super S. azuis não tem a mesma piada.
Beijinhos estrunfinos
Isso mesmo, erguer o astral e seguir em frente...tive uns tempitos sem te visitar e ohps! que postas algo muito sentido :)
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