segunda-feira, 25 de maio de 2009

Brilliant

Brilliant. O filme é lindo e mais do que perfeito para um dia triste e apagado como este. Fez-me sentir coisas esquisitas na barriga. Não eram borboletas. A ser alguma coisa com asas, devia ser um pica-pau. E depois Dublin...Eu não sabia, mas tenho saudades.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

ALA e a descrença

Não costumo ler Lobo Antunes. Há crónicas dele na Visão que acho geniais, mas há outras que me aborrecem um bocado. Assim, em mais uma manifestação de Semicultura, descobri este texto no blog da Vanity que, por sua vez, o tinha descoberto no blog do Intruso. Gostei tanto, mas tanto que tinha de o publicar aqui.



Há uns tempos a Joana
- Pai, acabei um namoro à homem.
perguntei como era acabar um namoro à homem e vai a miúda
- disse-lhe o problema não está em ti, está em mim

o que me fez pensar como as mulheres são corajosas e os homens cobardes. Em primeiro lugar só terminam uma relação quando têm outra. Em segundo lugar são incapazes de
- Já não gosto de ti!
de
- Não quero mais
chegam com discursos vagos, circulares
- Preciso de tempo para pensar
- Não é que não te amo, amo-te, mas tenho de ficar sozinho umas semanas
ou declarações do género de
- Tu mereces melhor do que eu
- Estive a refectir e acho que não te faço feliz
- Necessito de um mês de solidão para sentir a tua falta
e aos amigos
- Dá-me os parabéns que lá me consegui livrar da chata
- Custou mas foi
- Amandei-lhe aquelas lérias do costume e a gaja engoliu
- Chora um dia ou dois e passa-lhe

e pergunto-me se os homens gostam verdadeiramente das mulheres. Em geral querem uma empregada que lhes resolva o quotidiano e com quem durmam, uma companhia porque têm pavor da solidão, alguém que os ampare nas diarreias, nos colarinhos das camisas e nas gripes, tome conta dos filhos e não os aborreça. Não se apaixonam: entusiasmam-se e nem chegam a conhecer com quem estão. Ignoram o que ela sonha, instalam-se no sofá do dia-a-dia, incapazes de introduzir o inesperado na rotina, só são ternos quando querem fazer amor e acabado o amor arranjam um pretexto para se levantar
(chichi, sede, fome, a janela de que se esqueceram de baixar o estore)

ou fingem que dormem porque não há paciência para abraços e festinhas, pá, e a respiração dela faz-me comichão nas costas, a mania de ficarem agarradas à gente, no ronhónhó, a mania das ternuras, dos beijos, quem é que atura aquilo? Lembro-me de um sujeito que explicava
- O maior prazer que me dá ter relações com a minha mulher é pensar que durante uma semana estou safo

e depois pegam-nos na mão no cinema, encostam-se, colam-se, contam histórias sem interesse nenhum que nunca mais terminam, querem variar de restaurante, querem namoro, diminutivos, palermices e nós ali a aturá-las. O Dinis Machado contava-me de um conhecedor que lhe aclarava as ideias
- As mulheres têm fios desligados
e um outro elucidou-me que eram como os telefones: avariam sem que se entenda a razão, emudecem, não funcionam e o remédio é bater com o aparelho na mesa para que comecem a trabalhar outra vez. Meu Deus, que pena me dão as mulheres. Se informam
- Já não gosto de ti
se informam
- Não quero mais

aí estão eles a alternarem a agressividade com a súplica, ora violentos, ora infantis, a fazerem esperas, a chorarem nos SMS, a levantarem a mãozinha e, no instante seguinte, a ameaçarem matar-se, a perseguirem, a insistirem, a fazerem figuras tristes, a escreverem cartas lamentosas e ameaçadoras, a entrarem pelo emprego dentro, a pegarem no braço, a sacudirem, a mandarem flores, eles que nunca mandavam, a colocarem-se de plantão à porta, dado que aquela puta há-de ter outro e vai pagá-las, dispostos a partes-gagas, cenas ridículas, gritos.

A miséria da maior parte dos casais, elas a sonharem com o Zorro, Che Guevara ou eu, e eles a sonharem com o decote da vizinha de baixo, de maneira que ao irem para a cama são quatro: os dois que lá se deitam e os outros dois com quem sonham.

Sinceramente as minhas filhas preocupam-me: receio que lhes caia na sorte um caramelo que passe à frente delas nas portas, não lhes abra o carro, desapareça logo a seguir por chichi-sede-fome-persianas-mal-descidas-e-os-ladrões-percebes, não se levante quando entram, comece a comer primeiro e um belo dia
(para citar noventa por cento dos escitores portugueses)
- O problema não está em ti, está em mim

a mexerem a faca na mesa ou a atormentarem a argola do guardanapo, cobardes como sempre. Não tenho nada contra os homens: até gosto de alguns. Dos meus amigos. De Schubert. De Ovídio. De Horácio, de Vergílio. De Velásquez. De Rui Costa. De Einzenberger. Razoável, a minha colecção. Não tenho nada contra os homens a não ser no que se refere às mulheres. E não me excluo: fui cobarde, idiota, desonesto.

Fui
(espero que não muitas vezes)
rasca. Volta e meia surge-me na cabeça uma frase do Conrad em que ele comenta que tudo o que a vida nos pode dar é um certo conhecimento dela que chega tarde de mais. Resta-me esperar que ainda não seja tarde para mim. A partir de certa altura deixa de se jogar às cartas connosco mesmos e de fazer batota com os outros. O problema não está em ti, está em mim, que extraordinária treta. Como os elogios que vêm logo depois: és inteligente, és sensível, és boa, és generosa, oxalá encontres, etc, que mulher não ouviu bugigangas destas? Uma mulher contou-me que o marido iniciou o discurso habitual
- Mereces melhor que eu
levou como resposta
- Pois mereço. Rua.

Enfim, ma
is ou menos isto, e estou a ver a cara dele à banda. Nem uma lágrima para amostra. Rua. A mesma lágrima para amostra. Rua. A mesma amiga para uma amiga sua.
- o que faço às cartas de amor que me escreveu?
e a amiga sua
- Manda-lhas. Pode ser que façam falta
Fazem de certeza: é só copiar mudando o nome. Perguntei à minha amiga
- E depois de ele se ir embora?
- Depois chorei um bocado e passou-me.

Ontem jantámos juntos. Fumámos um cigarro no automóvel dela, fui para casa e comecei a escrever isto. Palavra de honra que vi na janela uma árvore a sorrir-me. Podem não acreditar mas uma árvore a sorrir-me.

António Lobo Antunes


quarta-feira, 13 de maio de 2009

I'm just not that into you

Bebés (e ogres também), vamos lá entender uma coisa, quando eu estou interessada em vocês:

1. Não vos ignoro e não faço de conta que vocês não existem;

2. Não vos trato na boa, como trato o resto do gajedo à minha volta;


Está percebido? Ficou agora mais claro? Não se trata de qualquer tipo de jogo, pura e simplesmente vocês não me interessam para nada.

Sim, porque quando isso me acontece, eu comporto-me como uma verdadeira atrasada mental. Tento controlar-me para não dizer demasiada merda, não vão vocês assustar-se, e o que normalmente acontece é isso: assustam-se. Tenho saída brilhantes como "Uma vez, quando era mais nova, bebi coca-cola pelo nariz! ahahah" ou "A minha mãe conta, que quando nasci, tinha tantos pêlos nas orelhas que ela achou que eu era uma macaca! ahahaha" E rosno coisas incompreensíveis para qualquer ser humano. E troco-me toda, se for preciso até tropeço. E desconfio que às vezes até me babo.

Freud explica

Na noite passada sonhei que estava MORTA a fazer o amor com outro MORTO.

Esta noite sonhei que estava a fazer o amor com um primo que não vejo há uns doze anos.

E é só isto. Está tudo bem.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O dia em que podia ter levado um pontapé de um medalhado olímpico

Ainda muito bem disposta (ou não) tive de sair de casa e arrastar-me até à loja do cidadão. No regresso a casa, numa espécie de cruzamento, olhei para ver se vinha algum carro da direita, não vi pisca nenhum e entrei. Claro que o carro que não tinha pisca resolveu enfiar-se e como não teve a prioridade a que tinha direito, apitou-me. Ora, eu que vou sempre a reclamar sozinha no trânsito e não tenho por hábito resmungar "directamente" com as pessoas, estava mais do que irritada e reclamei com o senhor. Cheguei a casa, estacionei e o senhor, que ainda vinha atrás de mim, seguiu o seu caminho sem me dizer mais nada. E foi aí que se fez luz. O senhor que vinha atrás de mim era o Nuno Delgado! Para além de ser igualzinho a ele, eu sei que o senhor dá aulas de judo no ginásio atrás de minha casa. Moral da história: podia ter levado um enxerto de porrada que a esta hora ainda estava nas urgências de um hospital qualquer. Já dizia o meu paizinho "nunca te armes em esperta no trânsito, porque nunca sabes quem está no outro carro."

Boa folga para vocês também

Tinha que fazer o irs (já disse que ODEIO as finanças?) , ir à loja do cidadão, fechar contratos velhos, fazer contratos novos, arrumar tralha e a única coisa que me apetecia realmente fazer era meter-me na cama. Entretanto, a campainha toca. Boa tarde, sou o técnico da Lisboagás e vim aqui substituir o contador porque já tem mais de 20 anos. Testes para aqui, testes para ali e o diagnóstico foi o seguinte: deficiências na evacuação de monóxido de carbono e fugas de gás. Lamento, minha senhora, mas derivado aos certos e determinados testes que eu fiz, vou ter que lhe cortar o gás para sua segurança.

Ok, agora que já fiquei muito mais bem disposta e com mais uma merdinha para tratar vou só ali enfiar-me na caminha e já volto.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Uma cabana junto às bolas

A maior parte das pessoas sonha em ter um casa com vista para o mar. Para essas pessoas a perfeição passa por ouvir o barulho das ondas e os guinchos das putas das gaivotas. Eu cá não. O meu sonho é bem diferente e a minha casa nova tem a vista mais maravilhosa de sempre:

tenho um campo de jogos mesmo debaixo da minha janela e está sempre cheio de gajedo de manhã à noite.

terça-feira, 5 de maio de 2009

O meu pai em versão chique

O papá e a mamã foram ver a mana a Coimbra nas festividades estudantis e, a caminho do campo, pararam em Lx para ajudar aqui a princesa com as mudanças. O papá estava a montar o novo leito da menina quando diz:
- Esta cama não vale nada! Trazes aqui um gajo para dar uma gaiatada e isto parte-se tudo!

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